segunda-feira, 3 de dezembro de 2012



Natacha abriu a porta. Havia chocolates, bolachas de côco, bolachas de cereais, um x-acto e vários papeis em cima da mesa. Não duvidou que ele estaria lá. Procurou por todas as divisões da casa. A luz do quarto estava acesa e o barulho da água era um convite. Resistiu e não entrou. Esperou sentada no corredor mesmo à frente da porta. Tinha-se esquecido de quanto ele demorava a tomar banho. De repente surgiu uma música ensurdecedora, uma bossa nova dessas modernas. Esboçou um sorriso porque também gostava daquela música. Agora imaginava a reacção que ele iria ter. Depressa desistiu de pensar nisso. Ele saiu enrolado a uma toalha e a cantarolar. Abriu muito os olhos, num esgar. Ela levantou-se sem jeito, como se tivesse cometido um crime. Ambos não se queriam ter voltado a ver. Ela estava arrependida de ter roubado a chave, ele só pensava na impossibilidade de esconder os vestígios de Lúcia, sua nova namorada. Apesar de tudo, não queria magoá-la.
As coisas eram diferentes agora. Nenhum fazia falta ali. Ela por lhe ter invadido a casa, ele por não amá-la mais.

2 comentários:

  1. é tão bom voltar a ler-te, mesmo sem saber quem és, que idade tens ou o que estudaste!

    Faz tão bem, sobre tudo em noites de insónia, quando quero fazer amor com gajos que não gostam de mim, quando quero fazer amor com gajos com os quais não fiz amor quando eles queriam fazer amor comigo.

    ;)

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  2. adorei a tua escrita, é simples e bonita, muito bonita! :)

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